quarta-feira, 18 de maio de 2011

O que é Preconceito???

Preconceito (prefixo pré- e conceito) é um "juízo" preconcebido, manifestado geralmente na forma de uma atitude "discriminatória" perante pessoas, lugares ou tradições considerados diferentes ou "estranhos". Costuma indicar desconhecimento pejorativo de alguém, ou de um grupo social, ao que lhe é diferente.
As formas mais comuns de preconceito são: social, "racial" e "sexual".
De modo geral, o ponto de partida do preconceito é uma generalização superficial, chamada "estereótipo".
Exemplos: "todos os alemães são prepotentes", "os americanos formaram grandes grupos arrogantes", "todos os ingleses são frios". Observar características comuns a grupos são consideradas preconceituosas quando entrarem para o campo da agressividade ou da discriminação, caso contrário reparar em características sociais, culturais ou mesmo de ordem física por si só não representam preconceito, elas podem estar denotando apenas costumes, modos de determinados grupos ou mesmo a aparência de povos de determinadas regiões, pura e simplesmente como forma ilustrativa ou educativa.
Observa-se então que, pela superficialidade ou pela estereotipia, o preconceito é um erro. Entretanto, trata-se de um erro que faz parte do domínio da crença, não do conhecimento, ou seja ele tem uma base irracional e por isso escapa a qualquer questionamento fundamentado num argumento ou raciocínio.
Os sentimentos negativos em relação a um grupo fundamentam a questão afetiva do preconceito, e as ações, o fator comportamental. Segundo Max Weber (1864-1920), o indivíduo é responsável pelas ações que toma. Uma atitude hostil, negativa ou agressiva em relação a um determinado grupo, pode ser classificada como preconceito.  

O que é Questão Social?


 Dentro do universo do Serviço Social fala-se constantemente em questão social. Mas o que significa questão social, como surgiu e quais são suas expressões?


A "expressão  “questão social”, tem um histórico recente, começou a ser utilizada na terceira década do século XIX,  surge para nomear o fenômeno do  pauperismo. A pauperização da população trabalhadora   é  o resultado  do capitalismo industrial  e crescia  da mesma maneira que aumentava a produção”,segundo Netto (2001 p.42 ).

Questão social é produto e expressão da contradição entre capital e  trabalho.
O complexo da questão social é um desafio histórico estrutural, que resulta das contradições concretas entre capital e trabalho, a partir do moderno processo de industrialização capitalista, tendo como determinantes o empobrecimento da classe trabalhadora, a consciência dessa classe e a luta política dessa classe contra seus  opressores.

Essa contradição é oriunda  do desenvolvimento da sociedade, em que o homem tem acesso à cultura, natureza, ciência e às forças produtivas do trabalho  social; e do outro lado, cresce a distância entre concentração/acumulação de capital  e aumenta a miséria, a pauperização.

Vejamos  algumas questões objetivas e subjetivas para o surgimento da questão social:

Questões objetivas para o surgimento da questão social:

→ Surgimento de novos problemas  vinculados às modernas condições de trabalho urbano;
→ Aparecimento da burguesia e proletariado;
→ Introdução de uma nova forma de exploração, diferente da escravista e feudal, escondida na produção  ( liberdade);
→ Pauperização  crescente da classe trabalhadora

Questões subjetivas  para o surgimento da  questão   social:

→ Consciência da classe trabalhadora de sua situação  de exploração, permitindo que passasse de uma “classe em  si “  a uma classe “para  si “, impondo os  seus interesses;
→ Organização dos trabalhadores  para encontrar  respostas  às suas necessidades sociais;
→ Inclusão das demandas dos trabalhadores no discurso dos  políticos, classe dominante, como uma questão que ameaçava a coesão social.
→ Reconhecimento que o pauperismo era um fato histórico, produzido e reproduzido socialmente, passível de enfrentamento e superação.
→ Pressão dos trabalhadores para uma regulação baseada na cidadania.

Fica claro que a industrialização, acompanhada da urbanização, constituiu o processo desencadeador da questão  social, em que as relações  sociais e econômicas  pré-industriais foram desmanteladas pelo avanço das forças  produtivas que respondem primariamente pelas mudanças estruturais.  A pobreza, para ser a pré-condição estrutural da questão social,  precisou ser politicamente problematizada.

Segundo Pereira (2003 p. 119)  “[...] os graves desafios atuais são  produtos  da mesma contradição  entre capital e trabalho, que gerou a questão social no século XIX,  mas que,  contemporaneamente, assumiram enormes proporções e não foram suficientemente problematizados.”

Desse modo, a questão  social só se torna “questão   social”  quando ela  for  problematizada  o suficiente, reconhecida e assumida por um dos setores da sociedade, com o objetivo de enfrentá-la, torná-la pública e de transformá-la em demanda política, no sentido   de  “resolver”    o  problema. Não basta reconhecê-la enquanto realidade bruta da pobreza e da miséria; é preciso ser problematizada em seus dilemas, mas no cenário da crise do nosso Estado de bem-estar, da justiça  social, do papel do Estado e do sentido da responsabilidade  pública.

Assim,  a questão social só se apresenta em suas  objetivações, em projetos que determinam  prioritariamente o capital sobre o trabalho, em que o objetivo é acumular capital e não garantir condições de vida para a população.

E as  consequências da apropriação desigual do produto  social são as  mais diversas:

→ Desemprego;
→ Analfabetismo;
→ Fome;
→ Violência;
→ Favelas, entre outros.


É nesse contexto  que trabalham os assistentes  sociais  com  a questão social, nas mais variadas  expressões cotidianas, e como  os  sujeitos a vivenciam no trabalho, família, habitação, saúde, assistência  social, no acesso aos serviços públicos etc.

Hoje, é um dos desafios do assistente  social que  precisa apreender a questão social  e  perceber  as  inúmeras formas de pressão  social, de  construção e reconstrução da vida  cotidiana, pois é no presente  que  são recriadas   novas maneiras de viver,  que indicam  um futuro  que está  iniciando, justamente em um momento em que o  gênero humano  é individualista e  desmotivado em um universo da mercantilização universal.

 Destacamos também  o cenário  em que se insere o Serviço Social hoje, como afirma  Iamamoto (2004, p. 29 ) :
 
 “[...] as novas bases de produção da questão social, cujas múltiplas expressões são o objeto do trabalho  cotidiano do assistente  social.”
 
 Segundo Arcoverde, (1999, p. 79 ) os profissionais precisam  decifrar as mediações que na atualidade permeiam a questão social, desfazendo seus nós. E, procuram dar visibilidade às formas de resistência e lutas por vezes ocultas, mas presentes na realidade.

 É na base  da produção capitalista que se  produz e reproduz a questão social, onde os assistentes  sociais trabalham junto aos indivíduos . E  é no contexto  do trabalho  que  a questão  social  iniciou, se manifestou e até hoje  se permeia.

É  preciso  decifrar os determinantes  e as múltiplas expressões da  questão  social. Esta, encontra-se enraizada na contradição  fundamental que demarca essa sociedade, assumindo novas formas  a cada época.

O profissional de  serviço  social  precisa estar atento às  constantes mudanças, sejam elas econômicas, sociais e/ou culturais, pois são fatores que favorecem ou desafiam a nossa atuação  profissional. Com conhecimento teórico metodológico, conseguimos analisar a conjuntura  para uma atuação técnico-operativa eficaz nesse modelo  neoliberal  contemporâneo.

 Não basta criticar. É através da intervenção profissional, da observação, do levantamento de indicadores, da problematização da questão  social que surgirão novas políticas para a “solução”  dos problemas
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BIBLIOGRAFIA
CASTELL, Robert. As metamorfoses da questão social. Uma crônica do salário. 6 ed. Petrópolis, 1998.
FERREIRA, A.B.H. Mini Aurélio. Miniaurelio Século XXI: O minidicionário da língua portuguesa. 5 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
IAMAMOTO, M.V. O Serviço Social na Contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 7 ed. São Paulo, Cortez, 2004.
NETO, J. P. Cinco  Notas a Propósito da “Questão Social “. In: Revista  Temoralis  nº 3. ABEPSS, 2003.
PEREIRA, Potyara, A. Perspectivas  teóricas sobre a questão social no serviço  social. In: Revista  Temoralis CFESS,2003.

ARCOVERDE, Ana  C.B. Questão Social no Brasil e Serviço Social.Capacitação em Serviço Social e política Social , Brasília, EAD 1999.
CASTELL, Robert. As  metamorfoses da questão  social. Uma crônica  do salário. Editora  vozes, 6 ed. 1998.
IAMAMOTO, Marilda V. A questão social no capitalismo. Revista  Temporalis, nº 3, 2001 abepss
______. Serviço Social na Contemporaneidade: trabalho e formação profissional.7 ed. São  Paulo, Cortez: 2004
PERERIA. A.P. Questão Social, Serviço Social e Direitos de Cidadania. Revista Temporalis  nº 3, 2001 abepss

BIBLIOGRAFIA  COMPLEMENTAR
NETTO, Jose Paulo; Braz, Marcelo. Economia Política: uma introdução critica. 3 ed. São Paulo, Cortez, 2007.
PASTORINI, Alejandra. A categoria “questão social” em debate. São Paulo, Cortez, 2004.
STEIN, R. “A (nova) questão social e as estratégias de seu enfrentamento”. Ser Social nº 6. Revista do programa de Pós Graduação em Política Social. UNB.DF, Jan a jun. 2000, p. 133-168.
YASBEK, Maria Carmelita. Pobreza e exclusão social: expressões da questão social no Brasil. In: Revista  Temoralis  nº 3. ABEPSS, 2003.

http://servicosocial-erenilza.blogspot.com